O dia 21 de abril amanheceu um pouco diferente. A notícia que surpreendeu a todos em um primeiro momento trazia uma sensação de tristeza e orfandade: Papa Francisco fazia sua passagem para o Reino Eterno. A Igreja Católica se despedia de seu Pastor. Um misto de tristeza e ao mesmo tempo de gratidão. A Deus uma prece de louvor brotou de muitos corações por ter nos concedido a graça de ter como pastor uma pessoa que refletia a imagem e semelhança de seu Criador, cumprindo o Seu propósito aqui na terra.
Nascido em 17 de dezembro de 1933, Jorge Mario Bergoglio, seu nome de nascimento, veio de uma família humilde de imigrantes italianos. O seu pai, Mario Giuseppe Bergoglio, um trabalhador ferroviário. Sua mãe, Regina Maria Sivori, dona de casa.
Eleito em 13 de março de 2013, no segundo dia do conclave, foi o primeiro Bispo de Roma a ser membro da Companhia de Jesus (Jesuítas), o primeiro nascido nas Américas e no Hemisfério Sul, bem como o primeiro pontífice não nascido na Europa em mais de 1 200 anos e o primeiro papa a utilizar o nome de Francisco.
Quando lhe foi perguntado, na Capela Sistina, se aceitava a escolha, disse: "Eu sou um grande pecador, confiando na misericórdia e paciência de Deus, no sofrimento, aceito".
Papa Francisco apareceu ao povo na sacada central da Basílica de São Pedro por volta das 20 horas e 30 minutos (hora de Roma). Vestindo apenas a batina papal branca, e saudou a multidão com um discurso:
Irmãos e irmãs, boa noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais foram buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo....Iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela! Quero dar a bênção, mas antes… peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio uma oração vossa por mim.
O Papa abaixou a cabeça em sinal de oração, e toda a praça silenciou por um momento. Por fim, realizou sua primeira bênção, e despediu-se da multidão.
Ao ser eleito, o novo pontífice escolheu o nome de Francisco. Segundo o próprio, uma referência a Francisco de Assis, à "sua simplicidade e dedicação aos pobres" e motivado pela frase dita por Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, logo após sua eleição, ainda na Capela Sistina: "Não esqueça dos pobres".
Questionado sobre o nome escolhido disse:
Em relação aos pobres, pensei em Francisco de Assis. Depois, pensei nas guerras, à medida que o escrutínio prosseguia. E Francisco é o homem da paz. E assim, o nome veio, no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e cuida da criação; neste momento, também nós temos uma relação não tão boa com a criação. Francisco
de Assis é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres!
Ao longo de sua vida pública, Papa Francisco destacou-se por sua humildade, preocupação com os pobres e compromisso com o diálogo inter-religioso. Teve uma abordagem menos formal ao papado do que seus antecessores, tendo escolhido residir na casa de hóspedes Domus Sanctae Marthae, em vez de nos aposentos papais do Palácio Apostólico usados por papas anteriores. Sustentava que a Igreja deveria ser mais aberta e acolhedora. Não apoiava o capitalismo definido "selvagem", o marxismo ou as versões marxistas da teologia da libertação. Francisco manteve as visões tradicionais da Igreja em relação ao aborto, casamento, ordenação de mulheres e celibato clerical. Opunha-se ao consumismo e apoiava a ação sobre as mudanças climáticas, foco de seu papado com a promulgação da encíclica Laudato si'.
Entre tantas obras literárias, mensagens e reflexões, pouco antes de sua última internação, em fevereiro, ele deixou um texto sobre a velhice e a proximidade da morte que, para ele, não representa o fim, mas uma passagem:
“...A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como o título sabiamente destaca, porque a vida eterna, que aqueles que amam já começam a experimentar na Terra, nas tarefas cotidianas da vida, é o começo de algo que nunca terminará”.
Descanse em paz Papa Francisco.
Sua vida é um grande legado deixado para todos os cristãos.
Pe. Ivan Paulo Moreira
Pároco da Paróquia São João Batista Cahoeira de Minas-MG